Deltan Dallagnol está convocando aliados para o front das manifestações em prol de sua suposta luta contra o sistema. Quer que a direita se mobilize no entorno do seu grande ego para que, quem sabe, haja luz no fim de seu túnel.
O problema é que Deltan nunca foi consenso na direita, especialmente entre os bolsonaristas. Vale lembrar que Bolsonaro acusou o ex-procurador de tentar fazer tráfico de influência com o desejo de indicar algum nome para a PGR. Dallagnol, por sua vez, sempre enfatizou que o ex-presidente nunca fez um combate efetivo à corrupção.
Com a cassação do DD, houve um aceno para o comparecimento de bolsonaristas às manifestações programadas para o dia 04 de junho. Mas imediatamente o berrante do chefe tocou para dissuadir a boiada de acompanhar a comitiva do ex-chefe da Lava-jato. Seria medo de perder o rebanho?
Talvez a manifestação mais patética, mas que melhor exemplifica o boicote de Bolsonaro, tenha sido a de Carla Zambelli. A deputada primeiro convocou aliados, depois precisou voltar atrás para dizer que o capitão não quer se envolver com Deltan. Ele deve ter lá seus motivos, insinuou ela. A parlamentar certamente está em um tormentoso dilema: se por um lado ela sabe que pode ser a próxima a perder o mandato, e por essa razão engrossar o movimento em favor do deputado cassado lhe seria útil por um senso de autopreservação; por outro, para Zambelli é custoso se livrar dos laços que a prendem a Bolsonaro.
De outro lado, quem está com Dallagnol e não abre é a turma o Movimento Brasil Livre. O grupo outrora teve um poder muito grande de mobilização. As manifestações de rua contra Dilma que culminaram no impeachment tiveram forte influência do MBL. Perdeu força nos últimos tempos e agora busca em Deltan a onda perfeita para voltar a surfar na política nacional.
A questão é: terá força o ex-procurador e seus aliados para mobilizar pessoas a ponto de influenciar a política nacional? E que influência será essa? Qual será o seu alcance? A ver.