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Opinião

Enquanto existir gado no pasto, não falta churrasco na mesa de malandro

Questão de Opinião / Agnaldo Borcath


Bolsonaro usa de seus muitos apoiadores para arrecadar dinheiro. O objetivo é se desincumbir dos ônus pecuniários das muitas condenações por ilícitos eleitorais. O que há de errado nisso?

Do ponto de vista legal, aparentemente não existe nenhuma irregularidade. Primeiro, porque não existe nada que desvirtue a organicidade da "vaquinha". Segundo, porque não há lei que impeça pessoas interessadas em favorecer seu político de estimação. Vale dizer que em passado recente outros políticos também foram alcançados pela benesse da militância, como aconteceu, por exemplo, com José Dirceu. Condenado pelo mensalão, o petista causou polêmica ao arrecadar mais de R$ 1 milhão em "vaquinha" para pagar multa.

Afastando, a priori, o problema jurídico, resta questionar o aspecto moral da vaquinha. O que explica esse comportamento bovino de uma militância que se esforça para cobrir as faltas de seu líder?

Não se pode negar que existe uma aura de fanatismo que permeia os movimentos políticos no Brasil. Tanto no petismo quanto no bolsonarismo prevalece a crença de que tudo o que se faça contra seus líderes é perseguição. A mídia, o Ministério Público, o judiciário estão em complô para desfavorecer aquele movimento ou pessoa que encarna o espírito antissistema. Nessa linha de pensamento toda a decisão contra o político de preferência, por mais que se baseie em robustas provas nos autos, é injusta.

Para entender esse movimento pró Bolsonaro, é preciso dar um passo atrás. Desde quando a extrema direita brasileira começou a se articular com maior profusão, a partir de 2013, sempre permeou o discurso de seus influenciadores o antissistema. Diz-se, desde então, que a imprensa tradicional é toda esquerdista/comunista; que os políticos são todos corruptos; e que o judiciário atua em favor da manutenção de um status quo.

Nesse esteira se estabelece a crença de que existe um mal que impregna todas as áreas da sociedade que tem como principal objetivo a destruição dos valores essenciais da sociedade: família, religião cristã e propriedade privada. Daí derivam os monstros dos sistema: comunismo, Foro de São Paulo, globalismo, etc.

Com os monstros criados no animus dos sectários, qualquer discurso emplaca. Bolsonaro passa a ser herói e vítima e, portanto, precisa contar com os seus "soldados a serviço do bem", os cultuadores de personalidades.

Em resumo: "enquanto existir otário, malandro não morre de fome".

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