O filme "Ainda Estou Aqui" de Walter Salles ganhou o Oscar de melhor filme internacional. É a primeira vez que a estatueta chega a mãos brasileiras. O feito é gigante.
Contudo para muitos a conquista não tem relevância. Muitos que já vibraram com as vitórias de Ayrton Senna na Fórmula 1, com as cinco Copas do Mundo conquistadas pela Seleção Brasileira de Futebol, com os "Roland garros" conquistados por Guga Kuerten, entre outros, acreditam que a terceira arte brasileira não merece o mesmo prestígio.
Isso decorre de alguns fatores. O principal, certamente, diz respeito ao conteúdo do filme. Ainda estou aqui é um drama que conta a história de como a vida de Eunice Paiva mudou drasticamente após o desaparecimento de seu esposo, o político Rubens Paiva, capturado pelo regime militar.
Aí já viu. Os amantes do coturno e saudosos da ditadura que recentemente patrocinaram uma tentativa de golpe de Estado não gostam quando a arte denuncia os desmandos dos milicos no pós 64.
Outro fator que impede os "patriotas" de apreciarem a vitória brasileira no Oscar diz respeito à visão política da atriz protagonista. Os extremistas de direita não conseguem enxergar os méritos da Fernanda Torres, simplesmente porque ela demonstra ter uma visão política mais à esquerda.
Abro parênteses aqui, para dizer que os extremistas do outro lado do espectro político também adotam a postura de ignorar méritos artísticos por conta de uma defesa ideológica. Extremista é extremista, não importa o lado, não é mesmo?
Quanto a mim, continuarei na torcida pelo Brasil. Que nosso país seja muito bem representado nas artes, nos esportes, nas ciências, etc. Na minha posição de patriota, torcerei também para que seja expurgado de nosso país qualquer sentimento antidemocrático.