No período eleitoral das eleições do ano passado, o clima entre os artistas da música brasileira esquentou devido a questões envolvendo financiamento público. A troca de indiretas entre Zé Neto, da dupla Zé Neto & Cristiano, e Anitta, além dos ataques a Ivete Sangalo por parte dos bolsonaristas, trouxeram à tona debates sobre o uso de recursos públicos na cultura. Essa polêmica culminou na chamada "CPI dos Sertanejos", que investigou artistas do segmento, como Gusttavo Lima. Nesse contexto, torna-se evidente a hipocrisia e as disputas políticas presentes na discussão sobre financiamento público para artistas.
O embate entre Zé Neto e Anitta ganhou destaque quando o cantor afirmou, durante um show, que não precisavam de dinheiro público. No entanto, descobriu-se que o show em questão estava sendo pago pela prefeitura de Sorriso, em Mato Grosso. Esse episódio deu início à "CPI dos Sertanejos", que ampliou a investigação para outros artistas do gênero, incluindo Gusttavo Lima. É importante ressaltar que receber recursos públicos para realizar shows não configura crime, nem mesmo o uso da Lei Rouanet, a qual muitos artistas também recorrem.
A cantora Ivete Sangalo também foi alvo de polêmicas após incentivar um coro contra o então presidente Jair Bolsonaro em um show. Em resposta, Bolsonaro insinuou que Ivete perdeu os milhões recebidos pela Lei Rouanet. No entanto, dados abertos de projetos inscritos nas leis de incentivo à cultura não registraram nenhum projeto da cantora ou de empresas de sua sociedade. Dois projetos com o nome de Ivete Sangalo existem, mas nenhum deles obteve recursos, incluindo um show beneficente para o Hospital Martagão Gesteira.
Um novo episódio surgiu recentemente, envolvendo Andressa Suita, esposa de Gusttavo Lima. Ela recebeu R$ 70 mil do governo Bolsonaro para publicar stories em suas redes sociais, gerando críticas e acusações de hipocrisia. Embora não haja nada de ilegal nessa transação, fica evidente o jogo político e a incoerência de diferentes atores em suas posições sobre o financiamento público.
A polêmica em torno do financiamento público para artistas brasileiros revela a existência de hipocrisia e disputas políticas em ambos os lados do espectro ideológico. Seja criticando o uso da Lei Rouanet ou o pagamento de shows por prefeituras, tanto a esquerda quanto a direita encontram-se envolvidas nessas práticas quando lhes convém. É importante destacar que não há ilegalidade em receber recursos públicos para a cultura, mas a transparência e a coerência nas ações dos artistas são fundamentais para um debate saudável sobre o tema.