Ele é Meu!
– Dalva. O que aconteceu? – pergunta Wanda, com uma tonalidade de voz espelhando o estado de estrema fraqueza em que se encontra. – Você não se lembra? Não lembra que ao tentar envenenar a Isabel quem acabou intoxicada foi você. – O que você está fazendo aqui? – O tom da moça muda repentinamente par raiva e desprezo. – Não estava tão amiguinha da outra, porque está aqui cuidando de mim? – Você é mesmo muito pretenciosa, não Wanda – zomba Dalva, com um sorriso banhado da maus pura alegria. – Quem disse que eu estou cuidando de você? – Espere, foi você – diz Wanda, apontando para Dalva, num gesto de uma séria descoberta. – Você trocou os copos, é a única possibilidade. – Confesso que um dos motivos de eu estar aqui era para ver essa sua cara incrédula, quando percebesse o que eu fiz. Quando percebesse que eu acabei com seus planinhos. Mas, eu não estou aqui só para isso não. – Sua louca. Vai fazer o que então? Tentar me matar de novo. Você não sabe com quem acaba de mexer, porque quando eu sair dessa cama a gente vou te... – Você não vai nada. Você não é nada – interrompe Dalva, mostrando a quê viera. – Como eu falava, o segundo e maior motivo de eu estar aqui é só para te comunicar que você perdeu o Dagoberto. – O Dagoberto? Não, eu não acredito. Aquela songamonga roubou meu namorado! – Wanda não fala com Dalva, mas sim com o nada. Algo que parece extremamente doentio. – Não, ela não. Quem está com o Dagoberto agora sou eu. Por trinta segundos completos Wanda apenas fita Dalva, parecendo ainda não compreender o que seus ouvidos acabaram de captar. Depois, retoma sua fala, mais rancorosa do que nunca. – Dalva, você não pode estar em seu juízo normal. Eu vou matar você. – Eu já falei, você não vai fazer nada. Bom, agora que a notícia já está dada, eu vou indo. Marquei de almoçar com ele – fala. Dalva. A moça se vira e se encaminha pra a porta do quarto, mas na metade do caminho para e vira-se novamente. – Ah, dexa eu te contar um segredinho: a gente já tinha um certo relacionamento a mais de um mês. Mas como você é muito burra... – Ela dá uma amplificada gargalhada. – Tchauzinho, amiga. Melhoras, ouviu. Dalva deixa do quarto. Wanda, pela primeira vez, chora. Desesperadamente. – Aahh, vocês me pagam. Todos vocês – ameaça a garota, enquanto se lamenta naquela cama de hospital.
Gilberto e Janete
Em sua casa, Isabel tem uma grande alegria. – Promovida? – pergunta, surpresa. – Claro, minha cara – fala amistosamente Tereza. – Já estava mais que na hora de você assumir um posto de diretoria. Meu filho decidiu abir seu próprio negócio, e então eu logo pensei em você. É até melhor, ter uma mulher nesse posto. Afinal, nosso foco são as mulheres dessa cidade. – Puxa, Tereza. Você não vai se arrepender. Eu darei o melhor de mim. – Disso eu não tenho dúvida. Então, esteja preparada, porque você sabe: melhor cargo, maior salário, maior reponsabilidade. – Com certeza – concorda a garota, deixando transparecer sua realização. – Muito obrigada por tudo. Tudo mesmo. Agradecimentos à parte, nesse instante se ouve uma batida na porta da frente. Isabel vai até a por ta e a abre. Em seguida, exclama: – Estevão? – Cheguei em má hora? – De forma nenhuma – diz Tereza, rapidamente, pegando sua bolsa e já indo na direção dos dois. – Eu já estava de saída. Isabel, te vejo amanha, diretora geral. – Está certo. Até amanhã, chefe. Tereza vai embora, depois de dar uma olhadela de "torço por vocês" para Estevão. Logo o rapaz entra, deixando Isabel fechar a porta. – Diretora geral – repete, dando ênfase ao cargo. – Parabéns. – É. O Josué decidiu abrir seu próprio negócio. – Aham. E daí ela escolheu a pessoa mais indicada para o posto. – Ah, para com isso Estevão – diz Isabel, estranhando o elogio. – Bom, eu não vou fazer rodeios. Eu vim aqui, falar com você sobre nós. – Nós? – agora quem repete é Isabel, esperançosamente. – Então ainda existe "nós"? – Eu estive pensando, e eu acho que nunca vai deixar de existir. Eu decidi te perdoar Isabel, mas com uma condição. – Me perdoar. Tudo o que você quiser, meu amor. Diga sua condição. – A minha condição, é que nosso filho tenha o nome do meu avô, Gilberto. Isabel ri. Por um momento pensou que aquilo era um sonho; mas não. Era a mais bonita realidade. – Mas é claro. Mas só se, se for menina, tenha o nome da minha avó, Janete. – E que tal termos tanto um filho como uma filha? – sugere Estevão. – Porque não? Ao seu lado, eu quero ter quantos filhos Deus mandar. – Está certo. Assunto resolvida. – Falando sério agora – Isabel muda seu tom. – Você tem certeza disso? – Que eu te amo? Sim. Certeza que eu não me importo que o Dagoberto seja o pai da criança? Sim também. Certeza que eu quero que você se case comigo? Sim. – Pois então pode ter certeza de mais uma coisa. Que a minha resposta é "sim".
FIM !!