Ela?
– Que Sra. Bassanessi o que – fala Tereza com ar desdenhoso, ao mesmo tempo que irrompe porta a dentro. – Não me trate com essa formalidade ridícula. Ou você acha que eu acreditei em toda aquela presepada que aconteceu? – Aah, minha chefinha querida – Isabel sente um alívio inexplicável ao ouvir aquilo. Ela fecha a porta e se aproxima de Tereza, sorrindo muito – Eu sabia, sabia que podia contar com você. Aquilo foi ridículo. Eu não sei como pode acontecer uma coisa daquelas. – Mas eu sei – diz Tereza, misteriosamente. – Olhe, primeiro quero que você saiba que eu fiz toda aquela cena, só para não levantar suspeitas... e também para não perder o respeito não é. Senão semana que vem alguém podia de verdade pegar uma coisa e achar que não iria acontecer nada. – Sim, entendo. – Mas isso não vem ao caso. O que eu vim aqui lhe contar, é o motivo da minha certeza que você é inocente. Primeiro, obviamente, pela sua dignidade, que é inquestionável. – Obrigada. – Era realmente aliviante ouvir tudo aquilo.– Sem mais delongas, o que acontece... é que eu também vi uma certa pessoa rondando sua mala, se é que me entende. – Pessoa? – diz Isabel. Já havia pensado que alguém havia feito aquilo para prejudicá-la, mas não aceitava a ideia. – Mas quem? Quem faria isso? – A Wanda – responde Tereza. – A Wanda?
Coleção de Feitos
– Sim, a Wanda – repete Tereza. – Eu cheguei no escritório e peguei ela meio que rondando a sua mala, toda nervosa. Ela tentou disfarçar, mas eu notei muito bem que havia alguma coisa suspeita naquilo. – Mas porque ela fez isso? O que ela ganha? – Isabel está incrédula. – Você ainda não entendeu? Só há um motivo para ela estar fazendo essa guerra de ataques baixos contra você. – Ela sabe – Isabel fala automaticamente, com os olhos esbugalhados. – Ela sabe sobre a minha gravidez. – Ela deve ter ouvido a nossa conversa aquele dia. Eu vi que ela chegou muito de surpresa. Não tinha como não ouvir alguma coisa. Deve estar apavorada, é o namorado dela que está em jogo. Está querendo te afastar de tudo e todos, a todo custo. – É, faz sentido – Isabel pensa um pouco. Depois pergunta: – você disse que foi ela que me acompanhou até em casa aquela noite em que me empurraram da escada não é? Não, porque eu fui empurrada, disso não tenho a menor dúvida. – Então foi ela também. – Aproveitou a oportunidade para contar tudo para minha mãe – impressiona-se a garota. Um segundo depois, deixa transparecer uma intensa raiva em sua face – Ah, mas se ela pensa que eu vou deixar barato, ela está pra lá de enganada. – Isabel, cuidado com o que vai fazer. Você não pode perder a razão – aconselha a chefe. – Pode deixar Tereza, você sabe que eu não sou de vingança. Mas também não posso aguentar calada. Eu vou conversar com ela, agora mesmo. – Ela deve estar na loja – preocupa-se. – Maria Isabel, não quero escândalos. – Eu preciso falar com essa cachorra, para lavar a alma. Me ajude a entrar na loja, e a ficar sozinha com ela. Do resto, cuido eu.
Cair das Máscaras
Tereza, então, aceita prontamente ajudar Isabel em seu plano para se encontrar com Wanda. A gestante consegue entrar escondida na Requinte Modas e se esconde dentro do depósito de calçados. Lá, espera Tereza cumprir sua última parte do plano: conseguir atrair Wanda para dentro do local. Não demora muito, e Isabel ouve passos se aproximando. Era Wanda. Quando abre a porta e entra no depósito, a moça se mostra muitíssimo irritada. – Mais essa agora. Me diz: o que é que eu tenho a ver com reservas de sapatos? Não, a Tereza é mesmo uma velha insuportável. Ah, pelo amor de Deus. Só me aparece problema. – Pois acaba de aparecer mais um – fala repentinamente Isabel, aparecendo nas costas de Wanda, próxima a porta. – Isabel! – exclama Wanda, depois de se virar e ver a "amiga". – O que você está fazendo aqui? – Não sei. Acho que vim roubar mais alguma coisa – responde Isabel, exalando ironia, ao mesmo tempo em que se aproxima da outra. Wanda dá um rio desconcertado, e depois prossegue. – Nossa, ainda não dá para entender tudo que aconteceu. Mas não importa o que tenha ocorrido. Eu quero que você saiba que pode contar e confiar em mim para o que der e vier. Chega. Aquilo já tinha passado o limite da falsidade a muito tempo. Com isso, Isabel explode. – Vamos parando com a falsidade, está bem. Eu já sei de tudo, não sou tão tapada do jeito que você pensa. – Sabe do que, amiga? – continua Wanda, não desistindo de sua santa personagem. – O que é que você esteja pensando, deve estar enganada. – Cala essa boca porque quem veio aqui para falar hoje fui eu – altera sua voz, a Isabel. – Eu só quero que você saiba que sim: o filho que eu estou esperando é do seu querido namoradinho, Dagoberto. Aquele canalha. Mas não: eu não vou querer que ele assuma essa criança. Eu vou criar esse filho sozinha. E nesse momento Wanda parece simplesmente esquecer da amizade que tanto falava a segundos atrás, e muda completamente seu tom e sua expressão facial. – Ótimo. Por que se você pretendia roubar o Dagoberto de mim, deve ter visto que comigo ninguém pode. Eu ia ir atrás de você até o inferno, para tomar ele de volta.
Avisos e Punições
– Se o Dagoberto é sua preocupação, pode ficar tranquila – rebate Isabel, cada vez com seu sangue mais quente. – Eu não quero nada com aquele calhorda. Aliás, vocês dois se merecem mesmo. São um perfeito casal. – Hum, minha querida. Você está muito confiada para o meu gosto – debocha Wanda. – Será que não vê que você vai ser uma mãe solteira? Você vai ser excluída da sociedade. – Eu estou confiada? Eu estou confiada mesmo cadela. E sabe porque eu tenho tanta confiança? – Vamos ver. Porque? – Por que eu sei que de uma forma ou de outra eu vou ser feliz. Já para você, a felicidade é impossível. Você pensa que o Dagoberto gosta mesmo de você? Não gosta. Ele não gosta de ninguém, é um mulherengo. A última frase parece mexer realmente Wanda, como se sua oponente tivesse tocado na sua ferida mais dolorida. – É melhor você não abrir a boca de novo para falar do Dagoberto senão... – Senão o que? Vai fazer o que dessa vez? Já não bastou me empurrar escada abaixo, fazer eu ser expulsa de casa e dessa loja? O que mais você quer fazer? – Se você faz questão de saber, eu ainda posso fazer muito mais. Espere e verá – ameaça. – Eu não vou esperar nada. – Aquilo já estava tomando um rumo que beirava a pancadaria. – E preste bem atenção, sua vaca: não tente mais nada contra mim. Nada, ouviu bem?! Senão você vai conhecer uma Isabel bem diferente. – Você pensa que eu tenho medo de você. Você não é nada. É um verdadeiro nada – fala Wanda, dando uma exagerada ênfase na última palavra, que sai quase que soletrada. – Eu mandei você ficar na sua. Mas se você faz questão de titubiar sobre meu aviso, eu vou já pular para a parte da consequência. Está aqui minha primeira punição para você. Isabel então, não conseguindo mais se conter, se aproxima mais de Wanda e dá um pesado tapa na cara da moça, que cambaleia para trás.
NÃO PERCAM O PRÓXIMO CAPÍTULO, AMANHÃ AQUI NO TN!!