Consequências da Queda
Depois da queda de Isabel, a loja vira uma verdadeira confusão. Dentre todas as pessoas, quem se mostra mais preocupada é, obviamente, Tereza, que está a par de toda a situação de Isabel. – Meu Deus, como isso foi acontecer? – desespera-se Tereza, perguntando a Dalva. – Não sei Sra. Bassanessi. Nós estávamos conversando e de repente ela desabou, pareceu uma tontura ou coisa assim. – É, é bem possível. Tonturas e enjoos são comuns durante uma gravidez – reflete a mulher consigo mesma, só que proferindo as palavras. – Gravidez? – Dalva finge surpresa. – Gravidez? Quem foi que falou em gravidez aqui. Ande, chame uma ambulância, Dalva. Mexa-se – se atropela com palavras uma Tereza totalmente desconcertada. – Sra. Bassanessi, tem algo que eu possa fazer? – mostra utilidade Wanda. – Sim. Eu tenho uma reunião importantíssima agora com os fornecedores de Minas Gerais. Vou deixar a seu encargo acompanhar Isabel até em casa. Isso se ela não tiver que ir pro hospital. – Não, pode deixar. Eu vou com ela onde quer que a levem. Pobrezinha – se compadece a moça, mostrando toda a falsidade que é capaz. Para a infelicidade de Wanda, o acidente sofrido pela garota não passa de um contratempo sem gravidade. Assim, a moça acompanha Isabel até sua casa. Chegando ao local, Wanda se depara com uma inquieta Madalena. – Mas meu Deus. Como essa menina foi cair de uma escada? – questiona uma inquietissime mãe. – Ninguém sabe muito ao certo. Mas não se preocupe Dona Madalena, logo ela ai acordar, novinha em folha – a tranquiliza Wanda. – Ah, mas isso vai mesmo. Essa daí é porreta igual a mãe. Wanda dá uma sutil e falsa risada, fingindo admirar a maneira humilde de a mulher falar. Depois, prossegue com o assunto, tirando demasiado proveito da situação. – E o mais importante de tudo é que o médico afirmou que esse tombo não vai prejudicar em nada o bebê. – Bebê? Que bebê, quem é que está prenha? – pergunta Madalena, com uma expressão confusa. – Como assim, Dona Madalena. A sua filha. Quem mais poderia ser? – A Isabel? Grávida?
Intriga que é Plantada, logo Floresce
– Isso. A Isabel, claro... – Nisso, Wanda estampa sinais de vergonha no rosto, ao mesmo tempo em que finge Tuma total incompreensão do que se passa ali. – Ham... a senhora... não sabia? Que vergonha. Mil desculpas por me intrometer na vida de vocês. Eu já vou indo. Florecer – Não Wanda, tudo bem. Volte sempre, sabe que é muito bem-vinda – fala Madalena, já muito pensativa. Pensando no que viria pela frente. – Volto sim. Até logo. Wanda então, vai embora da residência, com um intenso sorriso estampado no rosto. Mas Madalena estava muito mais que surpresa com a notícia. Estava revoltada, indignada com aquela situação. E sua raiva a consome mais e mais, à medida do tempo em que Isabel repousa. Por fim, ao anoitecer, Isabel acorda. E dá de cara com sua mãe, que a observava durante seu sono. – Está se sentindo melhor, minha filha? – fala Madalena, com uma expressão intactamente dura. – Sim. Um pouco dolorida, mas está tudo bem. – Ótimo. Então pegue as suas malas e vá embora dessa casa, por favor. – O que? Por que isso? – Isabel questiona, já imaginando o motivo. – Você tem certeza que não sabe? Pense. Pense, dentro dessa cabeça suja. Essa mente podre que você tem – diz Madalena, com um tom de voz já muito elevado. – Olha mamãe. Me desculpe, eu ia te contar. Juro que... – Mas ela nem tem oportunidade de falar. Sua mãe a interrompe imediatamente. – Cala essa boca. Eu quero que você apenas vá embora. Embaixo do meu teto, não fica mulher da vida. – Mas que mulher da vida? O Estevão vai assumir esse filho. Nós vamos nos casar. Mamãe, por favor, não faça isso. – Lhe criar sozinha não foi fácil – relembra Madalena, parecendo não ouvir as últimas palavras da filha. – Desde a morte do seu pai, eu fiz de tudo para te torna uma mulher de respeito, digna. E agora olhe só, você está grávida, nessa idade. Você vai ficar falada em um piscar de olhos e ainda por cima, pelo seu tom, você nem tem certeza de que o Estevão é mesmo o pai da criança. – Não mamãe. Me deixa te explicar. – Eu não quero ouvir nada. Levante dessa cama, recomponha-se e saia dessa casa. Antes que eu faça coisa pior. Você é uma vergonha para mim. Uma vergonha, ouviu bem?
Vá Embora!
– Não fale isso mãe. Eu preciso do seu apoio. Agora mais do que nunca – clama Isabel. – Eu mandei você levantar dessa cama sua degenerada – fala Madalena pausadamente, ao mesmo tempo em que caminha até a filha e a agarra pelos cabelos. A moça grita, pedindo para a mãe a ouvir. Mas Madalena não queria ouvir nada que aquela moça tivesse a dizer. Não era uma má mulher, só não pensava que um dia teria que passar por uma situação (vergonhosa, julgava ela) como aquela em toda sua vida. Por fim, abre a porta da rua e empurra sua filha para fora de casa. – Mãe. Não faça isso comigo. Por favor, você não – chora Isabel, enquanto esmurra a porta já trancada. Enquanto isso, Madalena vai até o guardo, prepara rapidamente uma mala para Isabel e volta à porta. Abre a mesma, e arremessa a mala para fora. – E se você ainda tem um pingo de decência, não me apareça aqui tão cedo. – Mas mãe, você precisa me ajudar a... – Se aparecer, vai dar com a cara na porta. Assim como agora! – Madalena bate violentamente a porta da sua casa, sendo possível depois, ouvir apenas mais uma sequência de barulhos. O som das trancas da porta distanciando mãe e filha. E em meio ao momentos de desvaneios e de puro desespero, a recém-desabrigada menina, acaba decidindo ir a casa de Estevão. Chegando lá, é recebida com muito carinho. – Deixe que eu carrego essa mala. Você escolhe se quer ficar no quarto de hóspedes, ou dormir comigo. – Ah, desculpe Estevão. Mas eu prefiro o quarto de hóspedes. – Eu entendo, você precisa descansar. Mas uma coisa merece ser comentada: a sua mãe heim. Dessa vez ela errou feio. Te expulsar de casa porque você está grávida, meu Deus, ela devia é estar te apoiando. Mas não se preocupe, para todos os efeitos, você tem e sempre terá a mim. Mas Isabel não aguenta mais o estado em que se encontra tudo aquilo. Tudo se encontra está errado, tudo está fora do lugar. E em um ímpeto de culpa e arrependimento, decide contar a real verdade a Estevão. – Estevão, está tudo errado. Olhe o apoio que você está me dando. O que eu estou fazendo não é certo, é quase pior do que eu já fiz. Eu acho que não tem jeito, chegou a hora de eu lhe contar a verdade. – Verdade? Qual verdade, há algo que eu não sei? – Sim. Ai, eu não sei como lhe falar isso. Estevão, eu... eu menti quando eu disse que o filho que eu estava esperando era seu. – O que? Como assim Isabel?
É o Fim
– Fale, Maria Isabel. É claro que é meu... A menos que... – a cabeça de Estevão dá voltas em um turbilhão de mal-entendidos. Por fim, conclui, pausadamente. – Você tenha me traído. – Faz mais uma pausa, refletindo o que acabara de constatar. – Quem? – Eu não posso te contar. Eu só peço desculpas... – Quem? Me diga com quem você fez isso. – É o Dagoberto – revela Isabel já aos prantos, assim, de uma só vez, – O Dagoberto? Então vocês dois fizeram isso comigo e com a Wanda, não é? Que grande amiga você é, heim Isabel. Grande namorada também. – Eu sei que erramos. Mas foi uma única vez, uma tragédia que não sei como foi acontecer – tenta se justificar a garota. – E ainda mentiu para mim. Tentando acobertar a verdadeira verdade. Ah, mas eu sei direitinho o que está acontecendo. Aposto que o Dagoberto nem sabe da existência desse bebê. – Não! E por favor, não conte a ele. Eu farei isso, mas em um momento certo. – Que contar para ele? Para mim você acabou por aqui. Eu devia te jogar na rua agora mesmo. Mas como eu ainda consigo ter pena de você, pena ouviu bem?, eu vou deixar você ficar essa noite. Mas amanha pela manhã, quando eu acordar espero não ter que ver a sua cara – fala Estevão, bravo de uma maneira que Isabel nunca vira. – Não fale assim Estevão. Por favor, tente me entender. – Vou dormir. Tenha uma boa noite de sono, piranha. Isso se você, ao deitar a cabeça no travesseiro, conseguir dormir não é. O que tendo feito tanta coisa errada como você fez, deve ser realmente muito difícil. E o rapaz se retira do aposento, a passos largos, deixando a moça sozinha no aposento. Naturalmente, ela se sente em pedaços. Não podia acreditar que tudo o que estava acontecendo era resultado de um simples deslize. – Minha vida acabou. Eu não sei mais o que fazer. Eu não sei – desespera-se a gestante, debulhada em lágrimas. Mal sabia ela, que o pesadelo estava apenas
começando.
NÃO PERCAM O PRÓXIMO CAPÍTULO, AMANHÃ AQUI NO TN!!