Defesa conseguiu prisão domiciliar de Jorge Guaranho alegando que ele tem necessidades médicas específicas. Ele deixou a cadeia dois dias após ser condenado a 20 anos de prisão em regime fechado. Após sair do Tribunal do Júri, Jorge Guaranho foi levado para o Complexo Médico Penal, em PinhaisMariah Colombo/g1 ParanáO desembargador Gamaliel Seme Scaff, que autorizou a prisão domiciliar a Jorge Guaranho, condenado a 20 anos de prisão pelo assassinato do tesoureiro do PT de Foz do Iguaçu, Marcelo Arruda, determinou que ele seja submetido a reavaliação médica no Instituto Médico-Legal (IML).No pedido, o desembargador alega que a avaliação é necessária para saber se Guaranho tem condições de iniciar o cumprimento da pena no Complexo Médico Penal de Pinhais, onde ele ficou preso por menos de 48 horas após ser condenado a cumprir pena em regime fechado.? Siga o canal do g1 PR no WhatsApp? Siga o canal do g1 PR no TelegramO despacho de Gamaliel foi assinado na segunda-feira (17). Nele, o desembargador também disse querer saber se o condenado "ainda carece de cuidados que só possam sem supridos do lado externo" da prisão. O julgamento aconteceu no Tribunal do Júri de Curitiba, dois anos e meio após a morte de Arruda, que foi baleado em 9 de julho de 2022 por Guaranho enquanto comemorava os 50 anos com uma festa temática do presidente Lula e do PT. Guaranho foi condenado por homicídio com duas qualificadoras: motivo fútil e perigo comum. Após a sentença ser anunciada, a defesa apresentou um habeas corpus solicitando a prisão domiciliar por conta do estado de saúde em que ele se encontra. No tiroteio que resultou na morte de Marcelo Arruda, Guaranho também foi baleado e, após estar caído no chão, foi agredido por convidados da festa, o que deixou sequelas.A defesa alegou que "Guaranho enfrenta uma série de limitações decorrentes desse espancamento, incluindo comprometimentos neurológicos e dificuldades motoras, que tornam inviável sua alocação em um ambiente carcerário comum, sem estrutura para o tratamento adequado".Na decisão que autorizava a prisão domiciliar, o desembargador Gamaliel Scaff afirmou que "não se pode desprezar a precária condição da saúde do paciente", se referindo a Guaranho. O condenado foi para prisão domiciliar no sábado (15), e a família de Guaranho fez protesto no domingo (16) pedindo o retorno dele para o regime fechado. Com a nova decisão do desembargador, a defesa de Guaranho deve ser intimida e o condenado deve ser levado "com a maior brevidade possível" para passar por tais exames no IML. O despacho não determinou data para os exames.Leia também:Ônibus queimado, bloqueio de trânsito e suspensão temporária do transporte público: Londrina tem onda de protestos após mortes em confrontoPolícia: Tratores de enchentes do RS vendidos como novos no PR rendiam lucro de 3 mil por cento para empresa'Era uma pessoa excepcional': Morre mulher que teve 80% do corpo queimado depois de explosão de apartamento no PRMP pede que Guaranho cumpra pena na prisão O petista Marcelo Arruda (esq.) foi morto por Jorge Guaranho (dir.), apoiador de BolsonaroReproduçãoPouco antes do novo despacho de Scaff, o Ministério Público do Paraná (MP-PR) solicitou que o ex-policial penal Jorge Guaranho volte para a prisão. Na solicitação, o MP afirmou que não se constata que Guaranho esteja extremamente debilitado ou impossibilitado de receber atendimento na prisão. Destacou ainda que ele foi medicado e acompanhado por profissional da saúde durante o tempo em que permaneceu preso.Além disso, no pedido, o MP alegou que há "evidências do alto grau de belicosidade latente do paciente" e que não há justificativas para a prisão domiciliar, "principalmente quando a violência perpetrada tem relação direta com aspectos de ordem pessoal/comportamental que não mudam do dia para a noite".Por meio de nota, o advogado Samir Mattar Assad, responsável pela defesa de Guaranho, afirmou na segunda (17) que a postura do MP é "lamentável" porque, segundo ele, o ex-policial penal não tem condições físicas de permanecer no Complexo Médico Penal de Pinhais.Segundo o advogado, em três anos, o CMP não realizou nenhuma das cirurgias que Guaranho precisava.Julgamento Jorge Guaranho escutando condenação em júri popular pela morte de tesoureiro do PTRPCO júri popular durou três dias e foi presidido pela juíza Mychelle Pacheco Cintra Stadler, magistrada da Vara Privativa do Tribunal do Júri do Foro Central de Curitiba. Ele aconteceu depois de ser adiado por três vezes e passar por desaforamento, ou seja, a transferência do tribunal do júri de Foz do Iguaçu para a capital paranaense.No decorrer do júri foram ouvidas nove pessoas, entre testemunhas, informantes e peritos. Por último, o Guaranho foi interrogado e deu a versão dele dos fatos publicamente pela primeira vez.Ele afirmou que não foi à festa da vítima "nem para brigar, nem para matar". Disse ainda que, enquanto estava preso, até o fim de 2024, não recebeu tratamento médico ideal e que só conseguiu ser bem atendido após ter ido para prisão domiciliar. Alegou também que tem dificuldade para andar e precisa fazer fisioterapia.Relembre o crimeO crime aconteceu em 9 de julho de 2022.Conforme as investigações, Jorge Guaranho invadiu a festa de aniversário de Marcelo Arruda e os dois discutiram. Cerca de 10 minutos depois, o policial penal voltou ao local, armado, e disparou contra Arruda, que revidou usando a arma que carregava por ser guarda municipal.Arruda foi socorrido, mas morreu na madrugada de 10 de julho de 2022. Ele deixou quatro filhos. Na época do crime, um deles tinha pouco mais de 40 dias.Após o crime, Guaranho foi agredido por convidados presentes na festa de Marcelo. Ele foi internado e permaneceu em hospital de Foz do Iguaçu até ter alta e ser encaminhado ao Complexo Médico-Penal de Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, onde ficou preso até setembro 2024.Relembre caso de ex-policial penal que matou tesoureiro do PT de Foz do IguaçuVÍDEOS: Mais assistidos do g1 ParanáLeia mais notícias no g1 Paraná.