O ano de 2025 marca os 40 anos do Axé Music, um dos movimentos musicais mais vibrantes e autênticos da cultura brasileira. Desde que "Fricote", de Luiz Caldas, estourou em 1985, o axé se tornou sinônimo de festa, liberdade e resistência, levando o som da Bahia para o Brasil e o mundo. Mas essa história começou muito antes.
As raízes do axé estão nos trios elétricos de Dodô & Osmar, na guitarra baiana e na fusão rítmica que já pulsava nas canções de Moraes Moreira e no carnaval efervescente de Salvador. No entanto, foi nos anos 80 que essa energia tomou forma como um gênero musical próprio, misturando samba-reggae, ijexá, frevo, ritmos afro-baianos e influências latinas.
Nos anos 90, o axé atingiu seu auge com Daniela Mercury e seu icônico álbum O Canto da Cidade (1992), que transformou o gênero em um fenômeno nacional. Paralelamente, o Olodum, já um patrimônio cultural, espalhava o samba-reggae pelo mundo, influenciando até Michael Jackson, que gravou o clipe de They Don't Care About Us no Pelourinho.
A virada dos anos 2000 consolidou Ivete Sangalo como a maior estrela da música brasileira, levando o axé a arenas internacionais e se tornando uma das artistas mais influentes do país. Nesse período, nomes como Chiclete com Banana, Asa de Águia e É o Tchan ajudaram a manter o axé no topo das paradas.
Mas, como todo gênero musical, o axé passou por transformações. Nos últimos anos, perdeu espaço para o pagodão baiano e outros ritmos urbanos, deixando a sensação de que seu auge ficou no passado. No entanto, a essência do axé é imortal. O carnaval de Salvador ainda pulsa ao som de Bell Marques, Saulo, Léo Santana e tantos outros que mantêm vivo esse legado.
O axé é mais do que um gênero musical: é uma expressão da identidade afro-baiana, uma celebração das religiões de matriz africana e um símbolo de resistência cultural. Sua percussão ecoa a força dos blocos afros como Ilê Aiyê, que há décadas resgatam a ancestralidade negra na música e na cultura.
Quarenta anos depois, o axé segue vibrando nos corações de quem já pulou atrás do trio e de quem ainda vai descobrir a magia desse som. Porque a Bahia, com sua música e sua festa, é eterna. E o axé, mais do que um ritmo, é um estado de espírito.