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PolĂ­tica

A NOTICIA A UM CLIQUE

Um cafezinho com a Dama do Crime

Questão de Opinião / Agnaldo Borcath

Por Tamandaré Notícias 19/11/2023 às 13:52:35

Fato é algo cuja existĂȘncia pode ser constatada de modo indiscutĂ­vel. DaĂ­ dizer-se que "contra fatos não hĂĄ argumentos". Um mesmo fato, no entanto, pode gerar mais de uma interpretação. Os acontecimentos sociais não são interpretados de forma igual por todos que os observam. Cada observador buscarĂĄ analisĂĄ-los de acordo com suas próprias convicções.

Vamos aos fatos geradores deste opinativo:

Fato 1: Luciane Barbosa Farias, a "primeira dama do trĂĄfico no Amazonas" fez duas visitas ao Ministério da Justiça em 2023. As visitas ficaram registradas de vĂĄrias formas, tanto é que ninguém se atreveu coloca-las em dĂșvida.

Fato 2: O Ministério da Justiça divulgou nota dizendo que atendeu solicitação de agenda da Associação Nacional da Advocacia Criminal, com a presença de vĂĄrias advogadas e que Luciane não foi a requerente da audiĂȘncia, mas acompanhou o grupo.

Fato 3: O secretĂĄrio de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça, Elias Vaz, admitiu que errou em ter recebido a mulher de um dos lĂ­deres do Comando Vermelho no Amazonas. Claro que nesse caso o agente pĂșblico reconheceu o óbvio. Foi erro grosseiro e gravĂ­ssimo, não restam dĂșvidas.

Dos fatos postos derivam as interpretações. Como não poderia ser diferente, a direita brasileira aproveita o ensejo para requentar uma suposta associação entre o Ministro da Justiça, Flavio Dino, e o crime organizado. Dino que jĂĄ fora acusado de associação com facções criminosas, por conta de uma visita ao Complexo da Maré, Rio de Janeiro, no inĂ­cio do ano, agora, certamente terĂĄ de voltar à Câmara dos Deputados para explicar a visita da dama do trĂĄfico ao Ministério comandado por ele.

A esquerda busca interpretar os acontecimentos de forma a isentar o Governo de qualquer responsabilidade pelos episódios.

Porém, se por um lado é forçada a interpretação de que as visitas associam Flavio Dino ao Comando Vermelho, por outro, não se pode deixar de reconhecer a gravidade dos fatos.

Conforme estabelece no Decreto nÂș 11.348, de 1Âș de janeiro de 2023, o Ministério da Justiça e Segurança PĂșblica (MJSP) é responsĂĄvel também pelo combate ao trĂĄfico de drogas e crimes conexos. Nesse caso, a visita de alguém com ligação estreita com o crime organizado, não pode ser encarada com naturalidade, como se fosse um mero erro de procedimento.

Assim como não soaria natural um chefe do trĂĄfico de drogas de uma região tomar um cafezinho de forma amistosa com o Delegado de PolĂ­cia daquela jurisdição, não se pode normalizar a entrada no MJSP, com direito a fotos de ostentação, da esposa de um criminoso condenado. Vale dizer que, também sobre a "primeira dama" repousa fortes indĂ­cios de participação criminosa apontados pelo Ministério PĂșblico.

O erro é grosseiro e, por sua gravidade, deveria ensejar a demissão imediata do SecretĂĄrio de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça, Elias Vaz. AliĂĄs, se estivéssemos em um paĂ­s de instituições sérias, o próprio agente pĂșblico jĂĄ teria se antecipado e pedido o desligamento.

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