Carol Tabarelli pratica a atividade desde 2013 e é fundadora de um clube de entusiastas do detectorismo. Ela gosta de encontrar objetos históricos e os procura em parques e praças da cidade. Carol Tabarelli é professora da rede estadual de ensino e tem o detectorismo como hobby
Durante o horário comercial, Carol Tabarelli é professora na rede de educação especial de Curitiba. No tempo livre, o hobby dela é praticar o detectorismo: acompanhada de um detector de metais, ela caminha pelas ruas em busca de diferentes objetos.
Praticante da atividade desde 2013, ela percorre parques, praças e propriedades da cidade acompanhada de uma faca de escavação e do detector.
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Mas ao contrário do imaginário popular de que detectoristas buscam apenas objetos valiosos, Carol explica ter como um dos principais objetivos a limpeza e a preservação do meio ambiente.
"90% do material que a gente recolhe são lixo. [...] Como a gente detecta bastante material ferroso, a gente encontra muito lixo enterrado. Eu recolho, desenterro, levo pra casa, faço a separação dos materiais e dou o destino correto desse material metálico", explica.
Entre as coisas encontradas pela detectorista estão garrafas, papel alumínio, pacotes de cigarro, papeis de bala, arame, embalagens de remédios, entre outros objetos metálicos.
Ainda que a maior parte dos objetos vá para a reciclagem, o restante pode render muitas histórias.
Objetos históricos
Objetos históricos encontrados por Carol Tabarelli
Arquivo Pessoal
Entre os objetos preferidos de serem encontrados pela detectora estão os históricos. A detectorista relata que não necessariamente encontra peças valiosas, mas que acaba levando para casa e colecionando.
"São moedas, chaves antigas, botões, botões militares, fivelas, objetos diferentes. Eu acabo sendo colecionadora também", afirma.
De acordo com ela, o mais inusitado que encontrou foi uma harpa judaica, também chamada de Berimbau de Boca. O instrumento estava próximo a um parque da capital paranaense.
Harpa Judaica encontrada por Carol Tabarelli
Arquivo Pessoal
Carol explica que o trabalho do detectorista vai além de encontrar objetos, havendo um esforço grande de pesquisa antes e depois das saídas para "caçar".
"A gente lê bastante, a gente procura por mapas antigos, a gente procura até por mapas atuais. Em fazendas, por exemplo, a gente tenta ver imagens aéreas e a gente consegue ver vestígio de casas antigas, vilarejos antigos, locais onde a gente gostaria de procurar, locais que não existem mais", destaca.
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Locais de 'caça'
Carol Tabarelli pratica o detectorismo em praças e parques de Curitiba e Região Metropolitana
Arquivo Pessoal
Adepta do detectorismo urbano, Carol conta que faz buscas dentro da própria cidade, o que facilita o encontro de objetos históricos que a interessam.
"Curitiba é uma cidade arborizada e tem muitas praças e parques. Faço detectorismo dentro da cidade, às vezes, até na beirada da calçada, quando você tá caminhando, têm pedacinhos de grama, sabe? Passo nesses locais, faço praças, ao redor do trilho do trem, em fazendas, florestas...", explica.
A professora afirma que muitos também praticam a atividade na praia, por exemplo, com o objetivo de encontrar ouro e joias - itens mais raros de serem encontrados na cidade.
"Lógico que quando aparece um ourinho de vez em quando a gente fica muito feliz", brinca.
Clube de detectorismo
Carol é uma das fundadoras do "Clube de Detectorismo Curitiba, resgatando a história", criado em 2014 para reunir entusiastas da prática.
Inspirada por clubes da Europa e dos Estados Unidos, onde a atividade é mais consolidada, a ideia de criar o clube na capital paranaense surgiu com o objetivo de ampliar a divulgação do hobby e desenvolver boas práticas para quem também quer ser detectorista.
Carol Tabarelli pratica a atividade desde 2013
Arquivo Pessoal
Conforme Carol, o clube reúne mais de 100 entusiastas de todo o Paraná.
"A gente sempre tenta passar as boas práticas, a gente quer passar para que todo mundo aprenda o correto", afirma.
De acordo com ela, não existe uma legislação que regule a atividade do detectorista, mas há um consenso de cuidados que o entusiasta deve tomar.
"Tem que cuidar para não estragar o meio ambiente, não deixar rastro, não deixar buraco aberto, não deixar o lixo que a gente recolhe jogado. Respeitar para a gente poder voltar e não ter problema, porque se for no lugar e alguém deixou um monte de buraco, é problema para a gente, pode prejudicar", reforça.
Amizades
Para Carol, a prática proporciona também a possibilidade de contato com pessoas diferentes, mas com interesses em comum.
"Uma das coisas mais legais são as amizades. A gente troca ideia, troca experiências. Temos grupos do WhatsApp justamente para se ajudar a identificar os objetos que às vezes a gente acha e não sabe o que é, por serem objetos antigos", afirma.
Outro incentivo para a prática da atividade está na possibilidade de se distrair da rotina do dia a dia.
"Muita gente adere para poder praticar uma atividade física, para sair daquele momento de ansiedade, de estresse, de depressão, para estar em contato com a natureza", relata.
Dicas para iniciantes
A dica de Carol aos iniciantes é procurar entusiastas que praticam o hobby como uma forma de trocar experiências e conseguir definir qual caminho o novato pretende seguir.
Porém, ela reforça que quem está começando deve medir as expectativas.
"Praticar o hobby não é só encontrar ouro, não é só encontrar tesouro, não é só encontrar coisas valiosas. Se alguém entra no hobby com esse pensamento, não vai continuar. Ele vai desistir e vai ficar desestimulado. Imagina eu, que faço há dez anos, o quanto de lixo eu já não tirei?", aconselha.
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