A Sigma Lithium vai realizar seu primeiro embarque de lítio do Brasil para uma processadora da LG Energy Solution, informou a Agência Reuters. “O nome que podemos divulgar é LG e seu ecossistema, então hoje esses embarques estão indo para processadores e refinadores da LG”, disse Ana Cabral-Gardner, CEO da Sigma Lithium e citada na reportagem. Procurada pelo InfoMoney, a assessoria confirmou.
Segundo Cabral-Gardner, em citação na reportagem da Reuters, a venda à empresa de baterias da sul-coreana LG também incluirá os rejeitos da produção, que serão transformados em produto de maior valor agregado. “A surpresa bacana é que teremos embarques não só do produto principal como também dos rejeitos, o que vai nos transformar em uma operação zero rejeito.”
Na semana passada, a companhia anunciou ter recebido a licença de operação para vender e exportar lítio, e informou que a produção seria iniciada dentro de alguns dias na mina de lítio Grota do Cirilo, na região do Vale do rio Jequitinhonha, em Minas Gerais. Com a mina entrando em funcionamento sua produção será, ao menos no primeiro momento, voltada 100% para exportação,
A empresa também havia informado anteriormente que seu primeiro embarque ocorreria em maio, com um volume de aproximadamente 15 mil toneladas de “lítio verde”.
Cabral-Gardner destacou que 300 mil toneladas de rejeitos de ultrafinos da primeira fase de operação passarão por “upcycling”, e transformados em produto de valor agregado maior, nesse caso, em um insumo pré-químico para baterias de carros populares, explicou.
A companhia deverá aumentar gradualmente as atividades nos próximos meses e atingir a taxa de produção anual de 277.000 toneladas de concentrado de espodumênio (mineral fonte de lítio) até julho.
Posteriormente, a empresa irá expandir para a segunda e terceira fases do projeto, quase triplicando a capacidade de produção para 766 mil toneladas em meados de 2024, adicionou Cabral-Gardner.
No início deste ano, reportagens na mídia sugeriram que a Tesla ou a rival chinesa de lítio Ganfeng Lithium Group poderiam fazer uma oferta pela Sigma. Cabral-Gardner se recusou a comentar o assunto.
Em entrevista recente ao podcast Do Zero ao Topo, do InfoMoney, Cabral-Gardner contou a história da criação da A10 e da Sigma Lithium e relembrou quando embarcou para a Ásia em 2016 para checar se “essa coisa de carro elétrico não era voo de galinha”. “Eu ia passar uma semana na Austrália para estudar e mercado e acabei passando dois meses”, conta Cabral-Gardner. Foi durante essas viagens que a executiva entendeu que a tese da transição energética era muito maior na China.
A receita da companhia para colocar o Brasil no centro da bilionária cadeia produtiva de veículos elétricos foi tema do episódio #142 do podcast.