Meteorologista explica que região tem maior contraste entre ar quente e úmido do norte do planeta com ar frio do hemisfério sul. Santa Catarina é o estado com maior número de registros. Ciclone no Rio Grande do Sul causou ao menos 40 mortes. Casas submersas em Lajeado (RS) nesta quarta-feira (6) após a passagem de um ciclone.
Diego Vara/Reuters
Recentemente afetada pela formação de um ciclone extratropical no Rio Grande do Sul que matou mais de 40 pessoas, a região Sul do país registrou 71 dos 92 alertas emitidos ao governo federal nos últimos dez anos por conta desse fenômeno natural.
O g1 analisou dados do Sistema Integrado de Informações sobre Desastres, que recebe diariamente alertas dos municípios brasileiros sobre os efeitos de fenômenos naturais. O sistema é ligado ao Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional.
O Sul responde por 77% dos alertas em razão do estado de Santa Catarina, que registrou 64 ocorrências entre janeiro de 2013 e agosto de 2023. No mesmo período, foram cinco ocorrências no Rio Grande do Sul e duas no Paraná.
A cidade com mais ciclones foi Balneário Barra do Sul (SC), com 13 episódios. Veja abaixo um mapa com todos os municípios que emitiram alerta de ciclones ao governo federal na última década.
Por que no Sul?
O meteorologista do Climatempo Fábio Luengo explica que os estados do Sul são historicamente mais atingidos por ciclones extratropicais pela localização em uma área de encontro de massas de ar.
"É uma região que tem maior contraste térmico entre ar quente e úmido (vindo do Norte) e o ar frio que vem do Sul [do planeta]", explica.
O que não é comum, diz Luengo, é a intensidade e frequência que esses fenômenos naturais ganharam. O ciclone extratropical dessa semana, por exemplo, marcou a maior tragédia natural da história do Rio Grande do Sul.
Ele cita três fatores que explicam esse aumento de eventos climáticos extremos.
Mudanças climáticas, causadas pela ação humana no planeta, e que aumentam a frequência e intensidade de eventos climáticos extremos;
aquecimento do Oceano Atlântico, processo que também está mais intenso e frequente por conta das mudanças climáticas;
a ação do fenômeno climático chamado de "El Ninõ", que, entre outros efeitos, provoca chuvas excessivas no Sul do país e no sudeste do país.
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